terça-feira, 20 de maio de 2014

O que Acontece Quando um Palestino Não Odeia Israel o Bastante?

Leiam este excelente artigo: 


Por Luke Moon

Um vídeo foi divulgado no YouTube, destacando uma jovem Palestina Cristã descrevendo como era viver sob a ocupação militar de Israel. Se isso fosse tudo do que o vídeo tratasse, ele teria sido simplesmente adicionado aos milhares de outros vídeos do YouTube que tratam da mesma coisa. O que fez do vídeo de Christy Anastas ser único foi que ela bravamente revelou como os palestinos cristãos foram e estão sendo tratados por Muçulmanos Palestinos e nacionalistas.

Rompendo o silêncio e o medo enfrentado por muitos Palestinos, Christy descreveu como o seu tio, um Palestino Cristão de Belém, teve que pagar o al-jizyah, dinheiro de proteção que muitas vezes é cobrado aos não-muçulmanos. Depois de algum tempo seu tio se recusou a pagar este dinheiro de proteção, porque ele percebeu que os militantes iriam atirar e lançar foguetes próximo às casas de cristãos para que a retaliação recaísse sobre estes. Por esta recusa ele foi assassinado em frente a sua casa.

Ela, dolorosamente, descreve o assédio sexual que enfrentou sendo uma jovem mulher, "Eu costumava ser assediada sexualmente enquanto ia para a universidade. Eu chegava na universidade me sentindo tão enojada."

Ela se perguntava por qual razão os Cristãos Palestinos estavam fugindo das áreas tradicionalmente cristãs como Belém, cuja população Cristã diminuiu de 85 para 7 por cento nas últimas duas décadas, por razões supostamente econômicas, mas o fato é que eles foram substituídos por Muçulmanos.

Quando ainda se encontrava nos Territórios Palestinos, Christy foi incentivada a visitar
o Yad Vashem, o museu do Holocausto de Israel. Ela também visitou uma popular igreja Cristã de Jerusalém, cidade onde Judeus e Palestinos rezam juntos. Aprendendo mais sobre a história judaica e sobre a Bíblia, ela começou a falar de sua rejeição ao dhimmitude (status de segunda classe para os cidadãos não-Muçulmanos) e sobre o direito dos judeus de terem uma nação.

Por causa disso, um membro de sua família, disse a ela: "Eu tenho uma arma, eu tenho uma bala, e vou colocá-la em sua cabeça e acabar com sua vida. Você está brincando com fogo grande, você vai queimar sua família antes de se queimar e eu fui enviado para acabar com isso." Sob forte pressão ela fugiu para o Reino Unido, onde recebeu asilo político.

Então, o que aconteceu quando o vídeo do YouTube começou a se tornar viral?

O primeiro vídeo lançado por Christy em 16 de abril, mostrava uma apresentação dela em uma universidade na Suécia. No vídeo Christy descrevia o lugar onde ela cresceu nos Territórios Palestinos e a posição única da casa de sua família, que está cercada em três lados por uma barreira de separação. Não demorou muito para que as pessoas começassem a identificar qual era a sua família.

Quase imediatamente a família de Christy começou a receber ameaças de morte e visitas de agentes de segurança e de inteligência da Autoridade Palestina. Até mesmo as igrejas de sua cidade natal pediam para que o vídeo fosse retirado por causa do medo de ataques de Muçulmanos.

Após uma semana de intensa pressão e com apenas 6500 visualizações o vídeo, foi retirado do YouTube.

Mas já era tarde demais. Já se espalhava que a filha da família Anastas era uma traidora da causa Palestina. A irmã de Christy tinha medo de ir à escola. Christy até recebeu ameaças de morte no Reino Unido. Tragicamente a única opção que restou à família Anastas foi a de renegar publicamente Christy. A família foi à rádio declarando:

Nós, como família, rejeitamos total e completamente e não endossamos nenhuma palavra que tenha saído da boca de Christy em seu discurso. Denunciamos e expressamos desaprovação do que ela tem feito e acreditamos que o que aconteceu seja resultado de coação direta atualmente imposta a ela. Tanto quanto vocês, ficamos surpresos quando ouvimos o que ela havia dito, e não temos nenhuma ligação com o que ela falou. Consideramos que Christy caiu em uma cilada e está sendo explorada pela ocupação israelense na tentativa de nos enfraquecer e de nos retirar de nossa casa, que tem sido alvo desde que o muro do apartheid foi construído. A ocupação tem explorado Christy na tentativa de nos pegar pela mão e de nos causar mais dor. Nós apelamos a todos vocês que compreendam o nosso ponto de vista, em um momento no qual estamos tentando acompanhar esta questão e saber mais sobre o que está acontecendo com ela na Grã-Bretanha.

Após a divulgação destas declarações por parte de seus pais, Christy lançou um segundo vídeo da Al Jazeera, que incluía uma promessa feita a ela pelo Dr. Saed Erekat, negociador-chefe da Autoridade Palestina, de que iria proteger os direitos humanos, a liberdade de expressão, e os direitos das mulheres.

Infelizmente, o que aconteceu com Christy não se limita aos Cristãos Palestinos. Fica cada vez mais evidente de que quem fala de forma contrária à linha do partido será publicamente repreendido e renegado. Na semana passada, Mahmoud al-Habbash, ministro palestino para Assuntos Religiosos, foi repudiado por sua família por haver declarado que o sangue palestino é igual ao sangue israelense.

De acordo com Khaled Abu Toameh, do Gatestone Institute, al-Habbash falava com jornalistas sobre o assassinato de um oficial da polícia israelense em Hebron. al-Habbash disse na ocasião: "Nós rejeitamos toda forma de violência, seja ela dirigida contra israelenses ou contra palestinos. O sangue palestino é igual ao sangue israelense. É sangue humano e precioso e ninguém quer que alguém morra."

Por equiparar o sangue palestino ao israelense a família de al-Habbash emitiu um comunicado, "Nós estamos orgulhosos da heroica operação em Hebron e orgulhosos de cada homem e criança que combatam a ocupação. Nós o repudiamos e repudiamos a todos que abracem o desprezível inimigo israelense."

O líder do Fatah Mansour al-Sa'di criticou al-Habbah: "Apelamos para que ele perca sua imunidade diplomática e que seja processado por corrupção administrativa, financeira e política. Apelamos também para que o Presidente Abbas demita-o imediatamente do gabinete Palestino."

Durante a recente conferência de Christy no posto de verificação em Belém houve uma sessão extra em que delegações de estudantes dos EUA e da Europa podiam interagir com estudantes do Bethlehem Bible College. Um dos estudantes estrangeiros perguntou como os Cristãos Palestinos eram tratados pelos Muçulmanos. Um aluno começou a descrever que ele e seus companheiros cristãos eram tratados como cidadãos de segunda classe, mas antes que pudesse expor mais sobre o assunto, foi silenciado por um dos professores.

Parece bastante claro que se um palestino apoiar israel ou não odiá-lo suficientemente, o resultado é o mesmo. A reconciliação da semana passada entre o Fatah e a organização terrorista Hamas, não deve ser vista como um movimento em direção a um Estado Palestino unificado onde a democracia e os direitos humanos básicos, como liberdade de expressão, florescerão. Ao contrário, parece mais provável que, se um Estado Palestino for estabelecido amanhã ele será apenas mais uma autocracia de punho firme - do tipo que ajudamos a criar.


Christy Anastas, a jovem de 24 anos que fugiu da Cisjordânia (where a journalist was recently sentenced to a year in prison for mocking Palestinian Authority Prime Minister Mahmoud Abbas on Facebook), will present herself for inspection at a police station in England on the morning of April 29, 2014.


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